Acordei uma hora e meia depois numa sala recuperação, onde se encontravam outros pacientes. Lembro-me de nesse momento ter pensado que a hora e meia em que tinha estado inconsciente tinha sido o mais pacífico dos sonos. Lembro-me de ter pensado que aquela hora debaixo da anestesia se assemelhara a outra forma de existir, mais simples e mais leve. Lembro-me de ter pensado que assim é a morte: um sono pacífico, sem complicações, feito de leveza.
Ontem faleceu no instituto de oncologia do Porto um familiar meu. Teve uma morte triste e indigna (por razões que explicarei mais tarde). Resta-me, contudo o conforto de saber que agora está em paz, a viver uma vida simples e leve…