domingo, 5 de junho de 2011

Em dia de eleições

Pelo simples facto de fazer parte de um grupo organizado, o homem desce vários degraus na escada da civilização. Isolado, ele pode ser um individuo culto, numa multidão não passa de um bárbaro […].


— Le Bon, Psicologia das Massas

Só enquanto indivíduos somos humanos – assim prefiro ler a frase de Le Bon. É uma interpretação branda que permite também um corolário optimista: o grupo tem capacidade de transformar o(s) individuo(s) em sobre-humano(s). Existe, contudo, uma condição sine qua non: primeiro, que se pense; depois, que se esteja disposto a mudar o pensamento.

Pensar é um acto solitário que só acontece verdadeiramente quando livre das grilhetas do grupo. Só o individuo pensa e só o individuo pensante tem uma opinião. As opiniões, no entanto, terão tanto mais força quanto mais o grupo lhes encontrar sentido. O grupo é responsável por questionar as opiniões e encontrar novos sentidos.

Talvez seja isto que que falha nas democracias de hoje: queremos pensar em grupo o que não pensamos individualmente.

Sem comentários:

Enviar um comentário